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" The Satires of Decimus Junius Juvenalis" (Londres, 1711). |
Sátira X
Nada deverão os homens desejar? Se queres um conselho,
deixa aos próprios deuses apreciar
o que nos convém e é útil aos nossos interesses.
Em vez do que é agradável, os deuses nos darão o que é melhor.
O homem é-lhes mais querido do que a si mesmo. Nós, levados
pela cegueira e veemência da paixão,
aspiramos ao casamento e ao parto da esposa. Mas eles
conhecem como serão os filhos e de que espécie será a esposa.
Mas, se á viva força queres fazer algum pedido e oferecer nos
santuários
as entranhas e os salpicões divinatórios de um porquinho luzidio,
então pede uma mente sã num corpo são.
Pede uma alma forte isenta do terror da morte,
Que coloque uma vida longa em último entre os dons
da natureza, que possa suportar quaisquer canseiras,
que não conheça a ira, que não tenha ambições e considere
preferíveis
os sofrimentos de Hércules e os seus duros trabalhos
à volúpia e aos festins e aos cochins de Sardanapalo.
O que te aconselho, tu mesmo a ti podes dar, certamente
É pela virtude que se abre o único caminho de uma vida tranquila.
Não precisas de nenhum deus, se tens a razão. Somos nós
Que te fazemos deusa, ó Fortuna, e te colocamos no céu.
Juvenal